Quais são os efeitos da música no cérebro?

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Os efeitos da música no cérebro desempenham um papel importante na nossa vida, tanto para quem ouve, quanto – e principalmente – para quem toca. Mas o que exatamente acontece dentro da nossa cabeça quando resolvemos mergulhar no mundo da música? Como nossa mente se comporta quando aprendemos a tocar um instrumento?

Mozart e o seu cérebro

O chamado “Efeito Mozart” foi descrito em 1998, quando Rauscher expôs ratos recém-nascidos e outros ainda em gestação ao som da Sonata para dois pianos em Ré, de Mozart (K 448). O que ele observou no laboratório foi que os ratos apresentavam um desempenho melhor em uma determinada tarefa espacial de memória, quando comparados aos grupos expostos a um “ruído branco” ou a completo silêncio.

Este foi um dos primeiros experimentos que sugeriram mecanismos do efeito da música sobre funções cognitivas, tanto em roedores quanto em humanos.

Quase 20 anos depois, em 2013, um grupo de pesquisadores espanhóis verificou que pacientes portadores de Alzheimer tinham um senso de autoconsciência melhorado quando ouviam uma música que lhes era familiar.

Muito se estudou a respeito da relação música/cérebro desde então, e algumas dessas descobertas nos ajudam a entender melhor como podemos nos beneficiar com o aprendizado de música.

Os efeitos da música no cérebro de quem ouve

Quem nunca sentiu alguma sensação que jurou estar conectada com uma música específica? Seja alegria, tristeza, euforia, nostalgia, melancolia ou alguns arrepios, a música de fato possui o poder de despertar emoções em quem as ouve.

Isso porque, ao chegar no cérebro, a música passa pelo córtex auditivo, que é o centro de processamento do som do nosso cérebro, e depois vai para um conjunto de estruturas que chamamos de Sistema Límbico.

Lá, essas estruturas estimulam a produção de um neurotransmissor chamado Dopamina, substância que está relacionada à sensação de prazer. E se ouvir música já é por si só uma experiência marcante, fazer música pode ser ainda mais recompensador para a mente.

E de quem toca um instrumento musical

A ciência por trás da música nos diz que a prática constante, durante vários anos, de um instrumento musical, pode alterar ligeiramente a anatomia cerebral. Isso mesmo, o formato do cérebro! Isso porque nosso sistema nervoso possui uma característica chamada “Plasticidade Neural”, que permite algumas células do nosso cérebro – os neurônios – se ajustarem a novas condições. Por causa disso, músicos e não músicos apresentam anatomias levemente distintas em algumas regiões do cérebro.

Uma dessas regiões é o córtex auditivo. Quanto mais intenso e duradouro o contato com música, maior a facilidade em interpretar novos estímulos auditivos, além de ter uma percepção musical muito mais apurada. Além disso, quanto mais cedo essa estimulação acontecer, melhor.

Crianças até os quatro anos de idade desenvolvem sua estrutura de formação musical, o que as permite, por exemplo, possuir ouvido absoluto – reconhecer afinação de qualquer nota sem auxílio de referência – a partir dessa idade. Ainda desenvolvem habilidades de comunicação e leitura de maneira mais precoce, já que são práticas requeridas ao longo do estudo de música.

Essas habilidades sociais e de comunicação também ativam as áreas do cérebro relacionadas à linguagem, em todas as formas: escrita, falada e ouvida. Como o ato de tocar o instrumento também é um processo mecânico, o córtex motor (giro pré-central) é outra área ativada ao se tocar um instrumento. Além disso, para tocar, precisamos ler a partitura, então a luzinha também acende no córtex visual, responsável pelo processamento de estímulos visuais.

Uma surpresa e tanto para quem acreditava que usávamos só 10% do cérebro, não?

Nunca é tarde para aprender

Para quem acredita que seu tempo de aprender música já passou, e que não se beneficiaria mais com isso, temos boas notícias. Uma revisão bibliográfica de 2020 de Nova Orleans (EUA) reúne diversas pesquisas acadêmicas que sugerem que a prática musical induz uma significativa melhora na memória de procedimentos (ou procedural), que engloba funções como escrever, dirigir ou andar de bicicleta.

Há ainda uma área no cérebro que conecta os dois hemisférios, direito e esquerdo. Essa área se chama Corpo Caloso e também é ativada quando tocamos um instrumento, e que pode se desenvolver ao longo de anos de estudo. Por unir os lados do cérebro, essa região nos permite fazer várias coisas ao mesmo tempo, é o que nos dá a capacidade de multitarefas.

Praticar música também aguça todos os nossos sentidos, mas principalmente nossa audição. Facilita nossa leitura de maneira geral e desenvolve habilidades sociais, além de raciocínio lógico e memória. Sobre os efeitos da música, já despontam alguns resultados interessantes relacionados a casos de convulsões, epilepsia, Alzheimer, ansiedade e depressão.

Música, para muitas pessoas, representa suporte à saúde mental, justamente pelo seu poder de atuação no Sistema Límbico, que falamos no começo do artigo. A Musicoterapia surge como opção de tratamento alternativo para algumas dessas condições, a fim de amenizar os efeitos dessas doenças sobre o paciente.

Por fim, vale ressaltar que o efeitos da música no cérebro não são radicais e que não acontecem do dia para a noite. Maior que o poder que a música tem de mudar seu cérebro, é a capacidade que tem de mudar sua vida.

Podemos dizer que talvez a prática não nos leve à perfeição, mas leve à satisfação.

Referências:

  1. https://consordini.com/playing-the-violin/
  2. ARROYO-ANLLÓ, E.M. DÍAZ J.P. GIL, R. Familiar music as an enhancer of self-consciousness in patients with Alzheimer’s disease. Set, 2013. http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/24106716
  3. RAUSCHER FH, ROBINSON KD, JENS JJ. Improved maze learning through early music exposure in rats. Jul, 1998. https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/9664590
  4. YURGIL KA, VELASQUEZ MA, WINSTON JL, REICHMAN NB, COLOMBO PJ. Music Training, Working Memory, and Neural Oscillations: A Review. Fev, 2020. https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/32153474
  5. http://cienciasecognicao.org/neuroemdebate/?p=1201

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