Tudo sobre harmônicos na viola caipira

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Olá queridos leitores desse blog e apreciadores de viola caipira. Hoje trago um tema que considero bastante especial e vou tentar ser o mais didático possível, já que vou escrever sobre algo que se experiência de verdade ouvindo. São os harmônicos.

Em primeiro lugar, o que são harmônicos? Primeiro é preciso entender que som é matemática. O que consideramos um som musical com afinação definida, além de ser algo de forte aspecto cultural, tem a ver com a frequência, ou poderíamos dizer, com o desenho que as ondas sonoras produzem.

Isso mesmo, quer saber como ondas sonoras podem ser vistas, assista esse experimento inventado por Ernst Chladni na primeira metade do séc. XIX.

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Então as ondas sonoras formam todo um universo não visível que reflete toda a matemática da natureza, que pode ser vista na geometria de todas as coisas, plantas, minerais e animais.

Até o corpo humano possui essa geometria. Fui longe agora, não é? Pois o oriente tem essa cosmovisão há milhares de anos. O que seriam as mandalas se não representações de ondas sonoras?

Pensando no som dessa forma, voltamos ao assunto dos harmônicos na viola. Em um instrumento de cordas, essa matemática se apresenta no comprimento da corda. Sabemos que produzimos notas diferentes mudando o comprimento da corda quando digitamos no braço do instrumento.

Pois a natureza faz isso sozinha através de um fenômeno chamado série harmônica. Todo som produz uma série harmônica. Na corda isso é mais facilmente explicável.

O sábio grego Pitágoras (570 – 495 a.C.)deixou, entre muitas contribuições para as diversas ciências, um experimento com a série harmônica explorando um instrumento de uma corda só.

Pitágoras determinou pontos na corda que produziam múltiplos do som inicial relacionando o som produzido com a fração da corda usada para produzí-lo.

Resumidamente ele concluiu que a corda inteira vibrando produz o som fundamental (o patriarca dos outros sons gerados); metade da corda produz um som uma oitava acima, um terço da corda produz um som uma quinta acima e assim por diante:

  • Corda inteira – som fundamental
  • Metade da corda – oitava acima
  • Terço da corda – quinta acima
  • Quarto da corda – duas oitavas acima e assim por diante

A ilustração traz a série toda gerada da nota DO1, que se estende até o DO5, passando por tônica (som fundamental), oitava, quinta, terça maior, sétima menor, nona, enfim, todos os intervalos musicais suficientes pra construir todos os acordes e melodias do mundo estão dentro de um som. Fascinante, não é?

Trazendo esse papo de volta pra viola (estou dando voltas, mas não estou desconectado), temos pontos importantes no braço da viola, baseado na mesma experiência de Pitágoras, que formam os principais harmônicos usados no instrumento.

Esses pontos estão na 12ª casa, na 7ª casa e na 5ª casa (será a mesma relação pra qualquer instrumento de cordas). Na 12ª casa o harmônico produzido está oitava acima do som fundamental (corda solta). Na 7ª casa o harmônico está 5ª acima do som fundamental (se sua viola com as cordas soltas está afinada em RE, na sétima casa os harmônicos produzem o acorde de LA); e finalmente na 5ª casa (1/4 da corda) vai soar duas oitavas acima das cordas soltas.

Claro que existem vários outros que podem ser explorados infinitamente, mas esses são os primeiros da série, portanto os que soam mais facilmente. Eu gosto de incentivar o estudo desses harmônicos na viola com essa bela composição de Gedeão da Viola, Sonho de Criança:

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Se você nunca tentou tocar esses harmônicos, a dica é a seguinte: o ponto dos harmônicos é o local onde o traste (divisões metálicas) foi colocado no braço. Então você precisa posicionar seu dedo sobre esse ponto sem apertá-lo até encostar no braço, pois quanto mais leve for seu toque mais o harmônico soará.

É um exercício de sutileza que melhorará substancialmente sua técnica, pois tocar harmônicos exige precisão. E ouvi-los exige sensibilidade.

E conhecê-los exige muita curiosidade, pois parafraseando José Miguel Wisnik em seu livro “O som e o sentido”: pensar nas notas musicais sem considerar a série harmônica é como achar que os bebês foram trazidos pelas cegonhas.

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