Você sabe o que é Sample?

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Os avanços da computação nos anos 80 foram fundamentais para a popularização da música eletrônica como uma nova cultura. Novos métodos e técnicas de recursos digitais permitiam a produção de música eletrônica por meio de diferentes formas de sintetização e manipulação do som.

Assim como a tecnologia MIDI, o sample revolucionou a maneira como as pessoas faziam música. Essencial não apenas à música eletrônica, o sample é usado em muitos trabalhos de produção musical independente do gênero, além de ser uma ferramenta versátil e de fácil utilização em qualquer estúdio.

Ainda assim, muitos produtores iniciantes ou até mesmo veteranos carregam dúvidas sobre sample e suas funcionalidades. Saiba agora tudo sobre o que é sample, um pouco de sua história e sua difusão no universo da música eletrônica.

O que é Sample?

A própria tradução da palavra sample carrega a essência da técnica. Sample, em inglês, significa “amostra”. Quando usamos um sample de guitarra por exemplo, estamos adicionando à composição uma amostra de sons tocados na guitarra. Esta amostra é gravada previamente e salva em formato WAV, ficando armazenada nos chamados samplers (atualmente composto por hardware e software) e disponível para edição de seu conteúdo sonoro.

O sample não se limita apenas a gravações de instrumentos reais. Muitos produtores utilizam trechos de outras músicas, ou apenas algum elemento da faixa como baixos ou instrumentos de sopro por exemplo. Este trecho é recortado e executado digitalmente em loop dentro de uma nova composição, composta de arranjos editados e gravados formando uma nova música.

Diferente do remix, o sample é como o recorte de algum trecho de determinada música, usado para criar uma nova melodia com uma nova roupagem do som. Já o remix se utiliza da mesma estrutura sonora da música original, e cria uma nova versão da mesma composição.

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Para entender de fato o que é sample, nada melhor do que exemplos desta técnica. A música brasileira é uma rica fonte de samples, e podemos encontrar inúmeras referências em diferentes estilos musicais. Vamos a alguns exemplos.

Exemplos de Samples

A genialidade de Jorge Ben Jor é notável em qualquer uma de suas composições. Sua música é universal, e será referência por longas datas no universo musical. Uma delas, a música “Cinco Minutos”, parte do álbum “A Tábua de Esmeralda” gravado em 1974, foi sampleada pelo grupo americano Black Eyed Peas na faixa “Positivity”, confira abaixo.

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Cinco Minutos – Jorge Ben Jor (1974)

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Positivity – Black Eyed Peas 

Cartola, compositor carioca e ícone mundial do samba, também teve algumas de suas faixas sampleadas. Recortes da música “Preciso me encontrar” gravada em 1976 foram utilizados pelo G-Unit, grupo de rap americano formado pelos rappers 50-Cent, Lloyd Banks e Tony Yayo. O sample da música de Cartola foi usado para compor a faixa “Exclusive”.

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Preciso me Encontrar – Cartola (1976)
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Exclusive – G-Unit

Outro exemplo de sample de gênios da música brasileira também pode ser encontrado na faixa “O Homem na Estrada”, gravada por uma das maiores referências do rap brasileiro: Racionais MCs. KL Jay, o dj do grupo, sampleou o sucesso gravado por Tim Maia em “Ela Partiu”, uma das faixas do álbum “Nobody Can Live Forever” lançado em 1976.

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Ela Partiu – Tim Maia

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O Homem na Estrada – Racionais Mc’s

Dentro da música eletrônica podemos encontrar diferentes exemplos de sample. A faixa “Play Hard” produzida por David Guetta junto com Akon e Ne-Yo, sampleou trechos da música “Better Off Alone” de Alice DJ, um grande sucesso dos anos 90. Ouça abaixo.

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           Better Off Alone – Alice Dj
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           Play Hard – David Guetta, Akon e Ne-yo.

História do Sample

Por mais moderno que possa parecer, a técnica de samplear sons é muito mais antiga do que pensamos. Os primeiros estudos surgiram na década de 40 com teóricos da música como os franceses Pierre Schaefer e Pierry Henry, pioneiros na elaboração da chamada Musique Concrète (em francês, Música Concreta).

A Música Concreta consistia em reunir diferentes amostras de som formando uma nova composição. As colagens dos conteúdos sonoros reuniam não apenas sons de instrumentos, mas possuía caráter experimental utilizando sons de trens e barulhos mecânicos gravados previamente.

Os estudos de Schaefer e Henry influenciaram o alemão Karlheinz Stockhausen, músico e compositor que mais tarde desenvolveria diferentes projetos de música eletrônica utilizando colagens e samples de sons. Até mesmo os Beattles produziram álbuns experimentais utilizando a música concreta, sampleando diferentes sons em loop, música reversa e efeitos sonoros nas faixas do álbum “Revolution 9”, lançado em 1968.

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Trechos do album Revolution 9 – Beatles.

O compositor e teórico da música James Tenney é outro exemplo da popularização do sample. O americano usou amostras gravadas da canção “Blue Suede Shoes” de Elvis Presley, e mixou com efeitos sonoros na faixa chamada “Collage #1”, lançada em 1961.

A partir do anos 70 e 80 o sample ganhou uma grande abrangência na música graças ao hip-hop e o funk. Muitos Djs começaram a usar recortes das gravações de vinis que eram reproduzidos nos toca discos, e samplear trechos de outras músicas tornava-se cada vez mais popular em festas da época.

Músicos como Kool Dj Herc e Dj Grandmaster Flash foram grandes responsáveis pela difusão do sample nos anos 90. O single “Freedom” produzido por Grandmaster Flash junto ao The Furious Five tornou-se um dos mais famosos samples da época, usando trechos da música “Get up and Dance” lançada alguns anos antes.

A década de 90 foi a consolidação do sample, e cada vez mais os produtores e Djs usavam e aprimoravam as colagens feitas por trechos de outras músicas. O Rap e o Hip-Hop difundiram em grande escala a cultura do sample desde então, porém podemos encontrar exemplos em diferentes estilos musicais como música eletrônica e até mesmo o rock.

Samples e Direitos Autorais

No início da difusão do sample, muitos produtores usavam colagens de outras músicas muitas vezes sem permissão dos detentores dos direitos autorais da faixa. Era uma prática normal e não existia uma grande repercussão autoral quanto a isso.

Era possível encontrar CDs com diferentes colagens gravadas, disponíveis para qualquer pessoa produzir os próprios mixes. Mas o gênero começou a aumentar e ganhar cada vez mais popularidade, chamando a atenção de muitos detentores de direitos autorais.

Artistas como Public Enemy foram alvos de muitos advogados por justamente usar samples na grande maioria de suas músicas. No início a multa por samplear sem autorização era leve e discreta, mas foi ganhando taxas que encareciam o valor considerando aspectos como o número de cópias vendidas, por exemplo. Os artistas deveriam pagar tanto para os detentores dos direitos autorais como também para as gravadoras que produziram a faixa.

Membros do Public Enemy afirmaram em entrevistas que tiveram que mudar muitas músicas do grupo devido aos processos de direitos autorais. A maior crítica aos processos era que os artistas não sampleavam com a intenção de se beneficiar do trabalho de outro músico, mas sim usar uma referência para produzir algo novo, além de representar uma homenagem e admiração pelo compositor original da faixa.

Atualmente as regras de direitos autorais para samples são rigorosas, e podemos ver várias notícias de processos que envolvem diversas alegações de cópias e plágios. Ainda existem muitas controvérsias quanto a prática do sample, e a técnica é usada por grande parte dos produtores e Djs, mediante autorizações e consentimentos de artistas e gravadoras.

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